Reiki agora é profissão. Mas isso é bom?
Atualizado: 2 de jan. de 2021

Iniciado por volta de 1800 no Japão, e chegando ao Brasil no início da década de 80, o Reiki acaba de ser regulamentado pelo Ministério do Trabalho como profissão. Está classificado como “atividades de práticas integrativas e complementares em saúde humana”, sob o código 8690-9/01 da CONCLA (Comissão Nacional de Classificação), órgão responsável pela classificação de profissões e ligado ao Ministério do Trabalho e ao IBGE.
Com isso, tornará mais fácil a contratação de reikianos por prefeituras, hospitais e instituições privadas. Em contra-partida, o reikiano deverá possuir todas as regulamentações profissionais, como alvará de licença e funcionamento emitido pela Secretaria da Fazenda, bem como recolher todos os impostos e tributos profissionais.
Para verificar a classificação do Reiko no CONCLA acesse : http://www.cnae.ibge.gov.br/ e digite o código 8690-9/01 no campo de busca.
MAS DEVE-SE COBRAR POR APLICAÇÃO DE REIKI?
Não há dúvidas de que esta regulamentação facilitará a entrada do Reiki em Hospitais, SUS e demais entidades governamentais/privadas, e neste aspecto devemos realmente comemorar esta notícia.
Quando cobra-se de um hospital ou governo a interpretação até pode ser outra, pois o dinheiro sairia da instituição e garantiria acesso (gratuito) ao Reiki pelas pessoas. Mas a cobrança direta individual apenas para a aplicação do Reiki (sem a associação com outra técnica/terapia) é realmente um tema polêmico e, em partes, pode ser explicado pelo “jargão” capitalista “tempo é dinheiro”, uma vez que entende-se que se alguém dedica seu tempo, deve ser remunerado por isso. Além disso, afirmam que deve-se pagar todos os valores para se manter o espaço, como aluguel, materiais, contas, etc.
É compreendido que a cobrança pela INICIAÇÃO nos níveis do Reiki é inquestionável, pois envolve criação de materiais didáticos, técnicas de ensino, a qual a atuação do Mestre poderia ser comparado com o trabalho de um professor. Porém, um Mestre Reiki não deve buscar enriquecer com iniciações. Existem muitos absurdos hoje com pessoas cobrando mais de R$ 2.000,00 para iniciações em Reiki.
Mas ao cobrar para APLICAR o reiki (sem associação com outras técnicas/terapias), será que não estamos nos distanciando no real propósito do Reiki ao colocar obstáculos para transmitir a energia cósmica universal, que recebemos gratuitamente do universo, sem nenhum esforço de estudo, dedicação ou empenho pessoal (a não ser a taxa cobrada para se iniciar)?
Para elucidar esta questão, vamos analisar a própria origem da palavra: REI = Passagem livre e KI = Energia vital. Ou seja, podemos dizer que em sua própria essência “Reiki” siginifica PASSAGEM LIVRE DA ENERGIA VITAL.
Segundo o dicionário “livre” pode ser entendido como: “Que não depende de outrem: que não necessita assumir qualquer compromisso para acessar/Que não sofre restrições/Não apresenta obstáculos”.
Realmente compreendo que devemos pagar pelas estruturas materiais, e penso que isso pode ser feito por terapias e atendimentos profissionais que seja fruto do estudo do terapeuta. Técnicas como radiestesia, massagem, acupuntura, constelação familiar, regressão, etc podem ser cobradas pois houve realmente esforço da pessoa em adquirir esse conhecimento, com estudo e dedicação pessoal. Mas o Reiki não…Recebemos gratuitamente das forças cósmicas, sem objetivos comerciais, mais sim altruísmo e caridade para com as pessoas e a evolução do mundo.
Penso que devemos compartilhar sua energia gratuitamente, pois não somos detentores de nada especial, não somos “gurus” da energia vital após nos formamos em Reiki…somos apenas canais para a expansão do desta energia livremente pelo mundo. Se a pessoa desejar cobrar pelo Reiki, deve associar a aplicação com qualquer outra técnica, sendo assim, o Reiki acaba sendo um “bônus” ou “extra”, onde o que se cobra realmente é a técnica ou terapia oferecida pelo profissional, e não o Reiki.
Sendo assim, os rendimentos devem vir das atividades profissionais, a qual houve estudo, empenho e tempo para aperfeiçoar, melhorar e evoluir, e atuar com o Reiki de forma complementar, como a sua contribuição voluntária para o Bem. Podemos separar um período na agenda para aplicar gratuitamente o Reiki às pessoas necessitadas.
Fazer caridade é também uma responsabilidade de todos os terapeutas, especialmente aos que lidam com energias cósmicas. Não devemos querer ganhar só pelo fato de dedicarmos nosso tempo. E as pessoas que não podem pagar? Elas não tem direito ao Reiki? Imagine se todas as pessoas começassem a cobrar pelo Reiki, evitando assim o acesso pelas pessoas mais pobres, será que os Mestres Divinos gostariam dessa atitude? Este é o destino do Reiki? Ser uma atividade remunerada?
“A caridade é um exercício espiritual… Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma.” – Chico Xavier
“Fora da caridade não há salvação.” Allan Kardec
O RISCO DOS APROVEITADORES
Por não haver uma regulamentação sobre quem pode ou não iniciar alguém em Reiki (e nem ser possível provar isso, pois envolve planos energéticos), essa regulamentação abre um risco muito sério de aproveitadores e charlatões se aproveitarem da situação, dizendo ser reikiano apenas por interesses financeiros.
Basta dar uma breve pesquisada no Youtube e você encontrará diversos vídeos de pessoas dizendo como é “lucrativa” a carreira como reikiano.
Por isso, devemos ficar muito espertos com quem cobra para aplicação do Reiki, investigando muito bem a sua índole e sentindo no coração e intuição a verdade por trás de suas intenções.
UM MUNDO DE DUALIDADES, O QUE É CERTO?
Uma mensagem enviada por Mestra em Reiki em conversa sobre o tema foi muito interessante, e gostaria de compartilhar com você:
“Quando conheci o Reiki há vinte anos atrás paguei caro pelo tratamento que me curou e me salvou de uma tragédia provavelmente….quando decidi me tornar reikiana níveis 1/2/3 paguei mais caro ainda…hoje dirijo um Núcleo de Reiki que atende as pessoas de forma voluntária (a 18 anos)….sem nenhum Ônus…. Portanto, penso que tudo é questão de necessidade e oportunidade…neste plano de dualidade habitado por nós o dinheiro é uma energia de troca extremamente necessária concorda? Não se preocupem…. Tudo está no seu lugar….Afinal “o que é certo e o que é errado?”
Esta atitude de “pagar para dar valor” é realidade em nosso mundo, e os benefícios do Reiki são aplicados a todos, pagando ou não.
A lição e aprendizado será sempre da pessoa que cobra com ambição e não de quem paga com esperança de cura. O que “não podemos” deixar é que o Reiki se torne uma técnica normalmente paga, onde atualmente a maioria é gratuita. Ou que as pessoas vejam o Reiki como uma oportunidade de ter dinheiro, e não como uma expressão de cura livre, universal e divina.
O PROBLEMA DA FALTA DE REGULAMENTAÇÃO SOBRE A METODOLOGIA REIKI
Vamos refletir sobre uma questão, de fato o que é Reiki?
Vou reproduzir aqui um texto de Adilson Marques (asamar_sc@hotmail.com) que acho muito importante para o debate:
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“Na década de 1980 o Reiki começa a se difundir pelos EUA e Europa, chegando ao Brasil. Seu campo de difusão foi o “movimento Nova Era”. Acredita-se que o Reiki foi sistematizado por um monge chamado Mikao Usui. Porém, o reiki, como foi difundido, foi criado por uma norte-americana chamada Hawayo Takata, que se apresentava como a única mestra de Reiki no mundo, pois os demais capacitados por Usui estariam todos mortos. Seu sistema consiste em 18 posições fixas para imposição das mãos e é realizando em 3 níveis.
No final da década de 1990, documentos encontrados no Japão demonstram que o método de Usui seria diferente daquele ensinado por Takata e que outros discípulos continuavam a seguir os seus ensinamentos. Assim, duas vertentes começam a contrapor no Ocidente: o “reiki tradicional”, centrado nos escritos de Usui, e o “reiki ocidental”, baseado nos ensinamentos da Takata.
E mesmo este último vai se transformando nas mãos de seus discípulos que criam o Reiki Tibetano, o Karuna Reiki e tantos outros sistemas. Hoje existem uma infinidade de sistemas que levam o nome Reiki: Rainbow Reiki, Seichin Reiki, Orixa Reiki, Osho Reiki, Reiki quântico etc.
Porém, apesar de tanta sandice, todos os sistemas funcionam uma vez que, a imposição das mãos, é algo universal e natural. Nenhuma mãe precisa ter certificação em reiki para colocar a mão sobre a barriga de seu filho e uma cólica passar, por exemplo. O chamado prâna, ou glóbulo de vitalidade, também chamado de “energia vital universal” está disponível de forma abundante no universo e técnicas simples, sem rituais ou mistificações, podem atrai-lo.
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A atual regulamentação não esclarece qual sistema será adotado ou norteia sobre a metodologia que será adotada para se aplicar o Reiki. Se todos os formatos forem possíveis e legais, abrimos precedente para qualquer pessoa poder criar a sua “metodologia” Reiki sem nenhuma relação com a essência de cura universal da técnica.
Podemos ter a abertura de “centros de formação em Reiki”, com títulos auto-proclamados (como por exemplo “venha se tornar reikiano com o mestre reiki iniciado nas montanhas sagradas do Tibet…etc.) apenas para justificar o alto valor cobrado.
É realmente um tema muito complexo. Mas a aprovação do Reiki como profissão, apesar de á primeira vista, parecer algo muito positivo, pode representar riscos a essência desta técnica que veio para ajudar na ascensão do Bem no mundo.
MAS SE O REIKI É LIVRE, QUAIS DEVERIAM SER AS REGULAMENTAÇÕES?
Para que uma técnica de cura energética, como o Reiki, possa superar o rigor e normativas impostas pela medicina tradicional, e assim, expandir-se como política público, alcançando milhões de pessoas, é preciso haver regulamentações (ao menos para quem desejar aplicar Reiki em hospitais).
As regulamentações podem vir na forma de como realizar a aplicação, por exemplo, “o terapeuta Reiki deve impor as mãos, sem necessidade de contato físico, por 5 minutos em cada uma das 10 posições estabelecidas na Lei”. Ou também pode orientar sobre condutas incorretas, como alguns reikianos que dizem ser necessário aplicar de óleo no corpo (absolutamente desnecessário para o Reiki), ou até mesmo (o absurdo) pendem para o paciente retirar partes da roupa para receber Reiki (por sinal, essas duas práticas do óleo e retirada de roupa podem ser denunciados como abuso sexual).
Sendo assim, seria de suma importância a lei definir exatamente qual a metodologia Reiki deve ser adotada para ser aceita pelos hospitais e sistema SUS para evitar riscos que só colocaram em cheque a credibilidade do Reiki e dos profissionais que trabalham de forma séria, com responsabilidade, altruísmo e amor.
Esperamos que este debate possa se ampliar em benefício de TODAS as técnicas de cura que vieram para contribuir com a elevação das consciências e cura interior da humanidade.
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